FOTO :  Dia da defesa da tese de doutorado . 31 de Agosto de 2018. Uma tese por todas nós, as Históricas .https://www.instituto-cartografando-saberes.com/artigos/.

Um ano que terminou. E viva os dias atuais de resistência e na luta pela saúde mental

ALANNA SOUTO CARDOSO- ARUÃ/TUPINAMBÁ


Quem é Alanna Souto Cardoso?

Sou professora e pesquisadora engajada em uma "nova" Cartografia histórica da Amazônia dentro e fora da academia. E de fora para dentro ou ainda rompendo os muros do colonialismo interno. No sentido de pensar, articular e investigar formas de conhecimentos e práticas de saberes tradicionais sócio- espaciais, geralmente, escamoteado dos mapas oficiais do Estado.

Meu campo político se faz no fazer científico e educacional. E nas artes com versos e prosas. Sou militante intelectual na formação de uma esquerda étnica-racial.

Sou cientista, contista, cronista e poeta.

Amo a religião de umbanda, um culto afro-brasileiro em sua diversidade e liberdade. E reverencia e identificação com a pajelança indígena e cabocla. Um religare de liberdade. Escrevi um tempo sobre umbanda. E atualmente me dedico no diálogo, produção científica e ações em defesa do patrimônio histórico dos povos da Amazônia em diversas frentes de trabalho. Girando para as 9 linhas.
 
Nascida no dia 10 de abril de 1981. NETA da cabocla ribeirinha de MUTUACÁ/ Cametá, Duvalina Silva, que criou 8 filh@s  , parte deles junto com meu avô Santino, também, ancestral de MUTUACÁ, CAMETÁ, território das antigas confederações Tupinambá,  mudaram-se para o Moju com os filhos , e meu pai ainda adolescente veio  com seus irmãos, deslocou-se forçadamente para cidade de Belém em meados de 1960-70, conseguiu se formar contador competente, meu pai Ademar da Silva Cardoso, dos mistérios das águas do baixo Tocantins. E casado há 47 anos com a minha mãe Ana Célia Souto Cardoso, filha dos finados avós marajoaras Corina Nascimento (Afuá) e do preto velho Armindo Miranda Souto (Soure). Sou neta da ANTIGA ARUÃ MAPUÁ da "nação" nheengaíba das resistências dos sítios ribeirinhos entre Chaves e o furo de Breves, do Cemitério indígena, da memória viva dos finados indígenas do Marajó das florestas para nunca esquecer da onde veio Afuá. 

Nessa direção auto declaro-me indígena do contexto das violencias étnicas e racialidades encobertas de Mutuacá, Cametá e da antiga Aruã de AFUÁ. Das relações afroindígenas que não se perdem e se colocam enquanto resistência de suas coletividades e identidades comunitárias tradicionais, ainda que organizadas enquanto " caboclos ribeirinhos" , fora dos territórios indígenas propriamente ditos e organizados com suas territorialidades específicas, conforme sua organização étnica. A vida não é reduzida na fábula das 3 raças! Um texto batido do Roberto da Matta, no meu caso, o racismo á Amazônica que sai do canto do padrão da vértice branco no comando do " índio ou negro". Sou indígena das situações históricas dos processos de desterritorialização dos povos indígenas de suas organização de origem. Assim como o negro não retinto que tem hegemonicamente a presença dos avós pretos em sua vida, ainda que tendo algum bisavô indígena , mas chamado pardo e acoplado na identidade negra. Não retira dele sua ligação mais preponderante com as antigas civilizações africanas do contexto afro diásporico da formação do Atlântico Negro em Abya Yala.

Minha infância foi marcada por redes e bubuia à beira rio na casa de minha vó paterna Duvalina e parentes no Rio Mojú. Passear de canoas e sobreviver a revirada delas. O mergulho é tão profundo quanto a queda no canal salva por uma bota que a licença poética me permite lembrar. "Tomar banho de canal quando a maré encher".

Considero-me uma mulher indígena do contexto do processo desterritorialização dos povos indígenas 

, descendente dos povos indígenas e afro-amazônicos, pois sou neta de avós ribeirinhas, um avô materno negro e filha de um caboclo vindo do rio Moju que conta em suas memórias e das lembranças de meus tios, tias sobre minha bisavó indígena das margens do rio Mutuacá. A ancestral perdida, nunca, jamais esquecida.

Não vivo da miséria da teoria. Nem da teoria da miséria.

Minha utopia é a criação de uma universidade dos povos tradicionais.

Minha distopia é a morte cotidiana de nossa posição. De nossos lugares.

Sem privilégios e sem máscaras brancas, falecimentos precoces na contramão da nossa (R) existência. Autora dos domínios www.semeadura.com e https://www.instituto-cartografando-saberes.com/


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