Ciências e saberes indígenas

Ciências e saberes indígenas, mapas das resistências e outras narrativas dos povos indígenas.

Coordenação institucional : Profa.Dra. Alanna Souto Cardoso.

Planejamento da gestão da linha de trabalho junto a articulação da rede de pesquisadoras e pesquisadores indígenas mobilizados na construção de uma coord. institucional de projetos interdisciplinares em um duplo saber científico, o acadêmico e o tradicional com as "nações" indígenas do contexto da Pan Amazônia. Inspirando-se nos nortes da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira para assim oficializar uma gestão geral desta linha . E com destaque para as gestões comunitárias liderada por mulheres, visibilizando as matriarcas, as iniciativas e reivindicações do protagonismo de mulheres dessas tradições.

A linha Ciência e Saberes indígenas tem um foco de demarcação territorial e territorialidades específicas direcionando um mapeamento dos povos indígenas por meio da tradição oral que se localiza não somente através da história oral, mas também pela música, a arte, a narrativas literárias, medicina e espiritualidade. Nesse sentido organizar junto com as lideranças indígenas de cada povo indígena por meio dos atuais pesquisadores acadêmicos mobilizados nos projetos do GP IPPCS com seus pertencimentos étnicos , a citar os Tembé, os Borari, os Arapium, os Tupinambá, Gaviões de Oeste , Anambé , Araradeua/Amanayé; os Munduruku ; os Baniwa ( Brasil, Colômbia e Venezuela), Guarani (Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai), Yanomami (Brasil e Venezuela), dentre outras comunidades indígenas que seguem mobilizados nos atuais projetos ] a elaboração dos seus mapas de saberes e da história territorial de suas nações indígenas ancestrais em que pese o alcance da memória oral coletiva nessa reconstrução com objetivo assim de reescrever e retomar espaço (social) histórico desses povos pelo viés, voz e olhar de seus próprios agentes pesquisadores (as), seja dos povos indígenas específicos ou ainda dos indígenas tido como "índios misturados" que tem se movimentado em um "caminho da volta" nas terras tradicionalmente ocupadas em que vivem. Descolonizando assim o "fazer-se" histórico de uma historiografia institucional dos povos originários ainda vistos, de forma, cristalizada em tempos fixos por historiografias colonialistas e etnografias colonialistas em que o passado indígena não se faz em diálogo com uma atualização histórica dos povos do presente ou muito menos considera a história de Abya Yala (Américas) pelo olhar, mapas e narrativas dos diversos agentes pesquisadores (as) dos povos indígenas que atualmente estão no mundo acadêmico para repensar a geografia, a histórias, as filosofias, a arquitetura , a literatura , as artes e antropologia oficial.

A história das Américas deveria começar assim pelos passados dos povos que já os habitavam. Mas ainda "hoje" é muito mais demarcada com o período da invasão ibérica e do convívio com o cristianismo, ou seja, não há continuidade do passado dos povos no seu tempo-espaço . E mais longe fica as divindades dos povos nativos enquanto protagonistas dessas narrativas retomadas por essas novas questões com seus pesquisadores que se mobilizam em demarcar cientificamente por suas próprias leituras, inclusive, territorialmente a história dessas terras que ocupam, as trajetórias de suas vivências e práticas espaciais intrínsecas em suas cosmologias que quando referidas pela história ocidental como folclórica e suas curas colocadas no ramo da medicina popular. Primitiva. A reescrita de outro tempo-espaço se faz por meio desse giro descolonial do "fazer-se" histórico interdisplinar e não dividido, afinal o saber indígena é a "ciência do concreto", não domesticado, segue a lógica do sensível e das experiências do bens comuns e da sociobidiversidade, o conceito então passa ser um ponto de vista secundário. Trata-se assim de uma bricolagem intelectual desse outro pensamento científico selvagem.